segunda-feira, 16 de abril de 2012

Filme: A casa do espanto - 1986

Fiquei com vontade de assistir esse filme simplesmente por causa da capa. Quando vi achei que seria um filme bem tosco, esperava vários clichés e tudo aquilo que é normal nos filmes de terror. A casa do espanto foi lançado em 1986, com o título original de "House", e como diz o nome, claro que é sobre uma casa mal assombrada. 
Pelo menos para mim, a primeira vista ele pareceu ser um filme atraente. Mas, me decepcionei quando assisti.
A primeira cena até que é um pouco interessante por causar um certo mistério e ansiedade pelo resto da história (que ainda nem começou). A trilha sonora foi a primeira coisa que me chamou a atenção, um instrumental aparentemente simples, mas que combina muito bem com os filmes de terror. 
Aliás, acho que nessa época, as trilhas sonoras dos filmes eram bem melhores que as de hoje. É uma opinião pessoal, mas acho muito mais assustador do que um black metal essas músicas instrumentais como esta da primeira cena de A casa do espanto, ou a trilha sonora de A hora do pesadelo. No entanto, a única parte boa da trilha sonora é essa. Mais tarde há outras músicas, como You're not good, de Clint Ballard Jr, que são boas, mas não as mais apropriadas para o filme.


No início da história, um entregador de compras chega na casa e não encontra ninguém. Como é um filme de terror, claro que seguindo os tradicionais clichés, ele entra e sem motivo aparente resolve subir as escadas. Quando olha para um quarto encontra uma senhora morta, que se suicidou com uma corda no pescoço. Só aí já são dois elementos importantes: primeiro o fato dele ter subido as escadas, uma atitude inexplicável mas que deixa bem claro que aquilo se trata de um filme de terror, único lugar onde uma pessoa (que não seja um ladrão com a intenção de roubar a casa) faria isso. A segunda coisa é o uso de uma senhora, o que deixou a cena mais assustadora do que se fosse uma mulher mais nova (idosas sempre assustam).
Mas depois tudo vai ficando mais chato. Descobre-se em uma cena seguinte que essa senhora tinha um sobrinho, que é o personagem principal do filme. Roger Cobb, interpretado por Willian Katt, é um ex-soldado do exército americano que foi combatente no Vietnã, e escritor, que está trabalhando em um livro onde conta suas histórias na guerra. Ele passa por diversas crises, por estar divorciado, por não conseguir escrever seu livro, e principalmente pelo fato de seu filho estar desaparecido. Aí vem a parte mais interessante do filme, o personagem principal tem uma mente um tanto problemática.

A primeira demonstração de que a casa realmente tem algo errado é quando ele abre um armário e de lá de dentro sai um monstro que me lembrou o predador, mas Cobb consegue fazer o bicho voltar pra dentro. E então começam a aparecer diversos monstros. O problema é que a cena mais assustadora é a da velha morta no começo do filme, os monstros mesmo não assustam em nada.
Há quem diga que os monstrinhos foram feitos sem graça desse jeito propositalmente, pois a intenção era dar uma pitada de comédia nas cenas. Porém, além de não ser engraçado, isso tirou a possibilidade de fazer com que o filme dê medo.
Depois de assistir uma hora e meia de filme, a decepção volta no final da história, que é bem previsível. Quem está assistindo se cansa das cenas que não assustam e dos monstros sem graça, então, espera-se pelo menos um desfecho que surpreenda. Mas isso não acontece. O final é justamente aquele que o espectador está esperando.
Para os que se interessam em assistir filmes antigos, até que vale a pena. Você não vai se assustar, não vai sentir medo, não vai dar risada, mas o personagem principal até que é interessante para quem gosta de pessoas com mentes perturbadas.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lentes Magnéticas - Arnaldo Baptista

Caso não saibam (não sabem ), o Arnaldo Baptista é meu maior ídolo. Entre tantas pessoas que eu admiro, entre tantos músicos que eu gosto, o considero o melhor. Isso devido a sua complexidade, que fica bastante notória em suas músicas. Principalmente em seus discos solo, além da qualidade musical, é possível perceber os sentimentos do artista, de acordo com a época de lançamento de cada um de seus álbuns. Como por exemplo no disco "Loki?", lançado em 1974, época em que Arnaldo passava por uma fase bastante depressiva, que passa uma sensação melancólica, o que faz muitos considerarem que Arnaldo Baptista é um dos artistas que mais conseguem colocar a "alma" em seu trabalho.

Mas o caso aqui nem é a música.

Quando assisti ao documentário Loki, lançado pelo Canal Brasil em 2008, descobri que além de músico, atualmente Arnaldo também se dedica a pintura. Claro que, assim como sua música, muitos que olharem seus quadros não entenderão. Na verdade eu acho que a arte de Arnaldo Baptista precisa de uma certa continuidade. Acho que é preciso conhecer o começo para entender o final.

Enfim, para quem quiser conhecer suas pinturas, desde o dia 24 de março está acontecendo na Galeria Emma Thomas a exposição Lentes Magnéticas, a primeira exposição de Arnaldo depois de 30 anos dedicados à pintura. A exposição vai até o dia 20 de abril e pode ser visitada de terça a sexta, das 11h às 19h, e aos sábados das 11h às 17h. A Galeria fica na Rua Barra Funda, 216 - Barra Funda.
Além dos quadros, há um espaço onde é exibido um vídeo, produzido pela Bronca Filmes, onde Arnaldo fala sobre sua arte, explicando alguns quadros. Então a desculpa de não visitar a exposição porque não entende esse tipo de arte não é valida. O vídeo é muito bem explicativo.
Lentes Magnéticas vale a pena para quem quiser conhecer a arte de Arnaldo Baptista, e também para os fãs que desejam prestigiar seu trabalho. A entrada é grátis, pelo menos no primeiro dia tinha chopp de graça, e as pessoas que trabalham na Emma Thomas são muito simpáticas.

Aqui tem algumas fotos que eu tirei no primeiro dia da exposição http://www.flickr.com/photos/rafaelrocha1/sets/72157629300711388/

Enigma - MCMXC a.d

Vi esse álbum pela primeira vez enquanto mexia nos discos da minha avó, em meio a diversas coisas antigas que haviam na casa dela (revistas, livros, fitas VHS). Quando olhei para a capa achei um tanto obscura, o que logo me chamou a atenção... Eu tinha na época uns 15 anos e era fã de Heavy Metal, especialmente do Black Sabbath. Nessa idade se você gosta dessas coisas, acaba sendo influenciado, e por isso sentia certa atração por tudo que me parecesse obscuro. 
Quando perguntei a ela que disco era, ela me disse que era do meu tio e que "parece" que algumas pessoas que tinham o escutado haviam enlouquecido e até cometido suicídio. Alguns dias depois a história me foi confirmada por um vizinho que me disse que o disco foi lançado em 1978 e realmente, pessoas se mataram ouvindo.
Depois descobri que tudo era uma grande lenda e que, como eu desconfiava, meu vizinho era apenas um mentiroso, até por que o disco só foi lançado em 1990. Mas, de qualquer modo quando eu o ouvi me interessei pelo som, bastante original, e comecei a escutá-lo frequentemente. Depois baixei os outros discos do Enigma e comecei a pesquisar mais sobre o grupo.
O projeto foi criado e produzido pelo músico e compositor Michael Cretu, pouco tempo depois dele se casar com a cantora Sandra Cretu, em 1988. O músico já havia participado de outros projetos na década de 1970 e 80, mas só conseguiu dar início a algo que vingasse em 1990. Neste ano ele começou a trabalhar em um novo estilo de New Age dance, e lançou o primeiro álbum do Enigma: MCMXC a.D. 


O instrumental do disco era baseado em batidas dançantes bastante sensuais, enquanto os vocais na maioria das vezes variavam entre a voz de Sandra e cantos gregorianos. Como obviamente o disco causaria polêmica, Cretu preferiu esconder seu nome sob o pseudônimo de M.C Curly, e a contracapa do álbum não tinha muita informação sobre os integrantes do grupo, deixando um ar de mistério sobre quem fazia parte do projeto... O que tornou o disco ainda mais atraente para mim, que procurava alguma coisa "obscura".
O álbum, apesar de não ser conhecido por todos, fez um certo sucesso na época e acabou influenciando outros grupos que se inspiram no canto gregoriano, como por exemplo o Era e outros da New Age.
Antes da primeira música há uma introdução. "The Voice Of Enigma", que pode ser ouvida em todos os álbuns, mas sempre de uma forma diferente. Em MCMXC a.D, o instrumental da introdução já passa uma sensação de calma, enquanto a narração pede para o ouvinte relaxar, apagar a luz e deixar se guiar pelo ritmo.
Logo em seguida começa o primeiro movimento, "The Principles of Lust", que é dividido em três faixas. A primeira, "Sadeness", é a música do disco que conseguiu mais sucesso comercial. Isso pelo fato de misturar o canto gregoriano com uma batida moderna, sendo algo que ainda não havia sido feito no mercado musical. A letra questiona os hábitos do Marquês de Sade, tentando entender seu gosto pela dor e prazer. Ainda no primeiro movimento vem a faixa "Find Love", que dá a entender que o ouvinte deve seguir seus instintos de luxuria até encontrar o que procura. Para fechar essa parte do disco, como uma reprise, o refrão de Sadeness continua até terminar o movimento.
A faixa seguinte é "Callas Went Away", a menos interessante do álbum. No entanto, logo depois dela vem uma das melhores músicas: "Mea Culpa", que também conseguiu algum sucesso comercial e foi remixada por vários DJs da Europa.
A seguinte, "The Voice and The Snake", pode soar um tanto estranha, mesmo comparado ao restante do álbum, que mostra algo bastante diferente, quando não se está acostumado com esse tipo de som. A letra é como uma narração do Apocalipse segundo a Bíblia Sagrada. Em seguida "Knocking on Forbidden Doors", é outra que até chamaria a atenção na época, por ser algo novo, bastante original. Mas comparada às outras faixas do disco não tem tanto destaque. 
Encerrando o disco vem mais um movimento formado por três faixas. A primeira é "Way To Eternity", que é como uma introdução ao movimento onde os cantos clamam a Deus pedindo para que os livre da morte. A segunda parte, "Hallelujah", tem um instrumental muito agradável e a narração cita algumas frases que foram ditas na introdução do disco. "The Rivers of Belief", que encerra o movimento, é a única faixa onde Michael Cretu canta, e é também uma das melhores faixas. Em um momento da música o instrumental para completamente e uma voz masculina cita um trecho do Livro do Apocalipse, depois voltam os instrumentos, que de fato, nessa música são bastante interessantes, e Cretu volta a cantar terminando com a frase "vamos descansar em paz nos meus rios de crença". A música termina e voltam alguns sons que aparecem na introdução do disco, e assim encerra-se MCMXC a.D.
Michael Cretu

Pelo fato do álbum unir referências religiosas à uma grande dose de erotismo, obviamente surgiram algumas polêmicas fazendo com que fosse banido em diversos países. O vídeo clipe de Principles of Lust foi proibido de ser exibido na MTV, e outras emissoras de televisão se recusaram a exibir os vídeos do Enigma. Mas ainda assim o álbum conseguiu superar as expectativas em questão de popularidade, rendendo até discos de ouro e de platina.
Porém o Enigma provavelmente não vai agradar ouvidos acostumados com músicas "tradicionais". É um projeto para ser ouvido por quem gosta de experimentalismo e procura algo diferente. Com as faixas do disco é possível relaxar e até meditar, do mesmo modo que é possível dançar com a batida das músicas.


@RafaelRoochaa